VIOLÊNCIA CONTRA MÉDICOS NO BRASIL:
A REALIDADE CRUEL QUE POUCOS TÊM CORAGEM DE DENUNCIAR

Eu sei que esse não é um tema fácil. Mas ele é necessário.

Precisamos falar da violência contra médicos no Brasil. Se você é médico ou profissional da saúde, é bem provável que já tenha passado — ou conheça alguém que passou — por um episódio de violência no exercício da profissão.

Talvez tenha sido verbal, talvez física. Talvez disfarçada de exposição pública ou de cobrança política mascarada de indignação. A forma muda. O impacto, não.

A verdade é dura, mas precisa ser dita: estão normalizando a agressão contra quem deveria ser protegido.

E isso me revolta.

Os números não mentem. Mas também não contam tudo.

Segundo dados do CFM, um médico é agredido a cada 3 horas no Brasil. Isso mesmo: a cada três horas. E isso considerando só os casos oficialmente registrados.

Mas quem vive o dia a dia sabe que a conta é maior. Muita coisa não vira boletim. Fica no constrangimento, no medo, no “deixa pra lá”.

Muitos simplesmente não têm mais energia pra denunciar. E eu entendo. O sistema já cobra demais. A falta de estrutura, a sobrecarga, a pressão absurda. E ainda por cima, agressão?

É cruel.

Quando o vilão vira quem está tentando salvar

O que mais me preocupa é ver a medicina sendo empurrada para um lugar de desconfiança e ataque. Médicos sendo tratados como se fossem inimigos, e não profissionais tentando fazer o melhor dentro do possível.

E o discurso populista tem papel nisso. Gente que nunca passou por um plantão na vida entra em hospital com celular na mão e peito estufado, gritando, filmando, cobrando, expondo, sendo verdadeiros atores ativos na violência contra médicos no Brasil.

É uma cena comum: vereador, influencer, deputado… tudo em busca de curtida e voto fácil. Mas enquanto eles ganham palco, o profissional de saúde sai machucado — na imagem, no emocional, no corpo.

Isso não é fiscalização. Isso é abuso.

A omissão institucional também fere

Eu sou advogado e trabalho diretamente com profissionais da saúde. Escuto histórias que, confesso, às vezes me tiram o sono.

O mais triste é que muitos se sentem sozinhos. Não veem apoio firme dos conselhos de classe. No máximo, uma nota de repúdio. E só.

É pouco.

O que falta é presença real. Acompanhamento jurídico imediato. Respaldo público. Ação concreta. O profissional que está ali na ponta precisa sentir que alguém está com ele — e por ele.

Denunciar é resistir

Se você passou por isso e pensou em deixar pra lá, eu entendo. Mas deixo aqui uma provocação:

E se esse silêncio estiver alimentando o próximo ataque?

Denunciar não é só buscar justiça por você. É proteger o seu colega que ainda vai passar por isso, se nada for feito.

Por isso, oriento sempre: documente, denuncie, formalize. Você não está sozinho. E, se estiver, eu estou aqui para estar com você.

Cuidar de quem cuida

A medicina já é difícil. Ninguém deveria ter que se preocupar com segurança enquanto tenta salvar uma vida.

Mas é essa a realidade que estamos vivendo. E se queremos mudá-la, precisamos agir.

Se você é médico, está cansado, sobrecarregado e já sofreu com esse tipo de violência — saiba que sua dor é legítima. E que ela não pode mais ser invisibilizada.

Não aceite agressão como parte da rotina. E, principalmente: não aceite carregar isso sozinho.

Vamos cuidar de quem cuida da gente.

Se precisar, me chama. Eu estou do seu lado. É só clicar no link de WhatsApp.

Caso entenda a relevância desse texto, compartilhe com um colega para que possamos, ainda que aos poucos, gerar mais consciência sobre o aumento da violência contra médicos no Brasil. Precisamos falar sobre.

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